Torsten Warmuth nasceu em 1968, na então República Democrática Alemã. Reside em Berlim. Estudou matemática, tendo concluído um doutoramento nesta área (em 1995). Estas linhas não estariam a ser escritas se tivesse prosseguido uma carreira académica na matemática: a verdade é que o apelo da fotografia falou mais alto e acabou por se dedicar exclusivamente à fotografia.
A sua relação com a fotografia, porém, iniciou-se muito cedo com a descoberta de uma câmara de baquelite de 6×6. Esta seria, pouco depois, substituída por uma reprodução de fabrico russo de uma Leica. Enquanto adolescente, Torsten tinha também um fascínio por desportos motorizados. Esse interesse acabou por estar na génese de uma linguagem fotográfica que tem desenvolvido desde então: ao fotografar motocross e competições automóveis, quis experimentar o efeito da utilização de tempos de exposição longos e exposições múltiplas. Nessa altura já controlava todo o processo fotográfico de revelação e impressão.
Após o abandono da carreira como matemático, trabalhou ao longo de dois anos como fotógrafo de arquitectura e ambientes industriais. É nesta fase que se familiariza com a utilização de câmaras de grande formato e que estabelece ligações com o meio artístico de Berlim. Daqui nasce um fascínio pelas possibilidades ficcionais na fotografia.
Tem fotografado em Berlim e noutras metrópoles como Nova Iorque, Paris, Buenos Aires, Cairo ou a “nossa” Lisboa. Há no trabalho de Torsten um espírito de “flâneur” dos tempos modernos. Vagueia pelos espaços urbanos e capta a sua pulsação, o seu movimento, o seu caos. O seu ruído.
Kai Uwe Schierz, escreve o seguinte acerca da componente simbólica da fotografia de Torsten: “We are able to gain a better understanding of his photographic images by comparison with the narrative technique of the so-called “stream of consciousness”, which included even the uncontrolled, disjointed and associative elements of everything. In this context, it becomes clear that Torsten Warmuth’s photographs always refer to inner processes, to a metropolitan feel for life rather than to concrete, witnessed situations. Warmuth’s images, with their abstracted, graphic appearance, underline a transcending of the motif (passers-by, sections of urban spaces), leading to associations created by the imagination, as if one had spent a day walking through a city oneself and then allowed this experience to pass by one’s inner eye later in the evening. Indeed, the formal characteristics of these photographs – fragment, transparency, palimpsestic superimposition – also have considerably more in common with the images of the mind than with external impressions.”
Artisticamente, tudo isto se tem expressado numa crescente abstracção das suas imagens. Um passo decisivo nesse caminho foi o processo que ele baptizou de “silver painting” e que tem vindo a utilizar desde 2009. Este método esbate a fronteira entre a fotografia e pintura, tratando-se de uma técnica mista que que recorre à aplicação de tinta sobre o papel de gelatina.
A fusão entre a fotografia e pintura surgem assim como a derradeira consumação do seu leitmotiv: o esbatimento da fronteira entre realidade e ficção, entre o mundo real e a imaginação. Este efeito parece-me ainda mais notável se tivermos em mente que as imagens individuais que são a base das suas composições são triviais e não representam “momentos decisivos”. Tal como num sonho, o extraordinário resulta, na obra de Torsten, do “rearranjar” de “fatias” da realidade em conjunções inesperadas.

Os fotógrafos desta rubrica, estão disponíveis, após a sua publicação, em: Um fotógrafo às terças, com acesso ao arquivo por nome de autor.
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